Sociedade Brasileira de Pediatria lança manual com orientações sobre uso de telas e internet
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou na terça-feira um manual de orientação aos pais sobre os riscos da exposição às telas, internet e redes sociais à saúde de crianças e adolescentes.
O documento destaca a influência familiar no uso desregrado das telas. A atenção da família dada à criança ou adolescente pode ser considerado um fator de risco ou de proteção para o desenvolvimento de problemas ligados à era digital. O guia mostra que a causa de alguns problemas sociais geralmente está associada à negligência ou deficiência na relação dos filhos com os pais e a família. Um dos exemplos, é o uso das redes sociais pelos adolescentes como válvula de escape.
O manual também estabelece novas indicações práticas para o uso de telas, como o limite máximo de 2 horas por dia de exposição para crianças entre 6 e 10 anos. Orienta também que adolescentes com idades entre 11 e 18 anos fiquem, no máximo, 3 horas diante de telas, inclusive de videogames. Os pais nunca devem deixá-los “virar a noite” jogando.
“Crianças em idades cada vez mais precoces têm tido acesso aos equipamentos de telefones celulares e smartphones, notebooks, além dos computadores que são usados pela família, em casa, nas creches, em escolas ou até em restaurantes, ônibus, carros, sempre com o objetivo de fazer com que a ‘criança fique quietinha”‘, diz texto do estudo. “Isto é denominado de distração passiva, o que é muito diferente do brincar ativamente, um direito universal e temporal de todas as crianças e adolescentes”.
A pediatra Susana Fenon, do Grupo de Trabalho de Saúde na Era Digital da SBP, afirma que a limitação vale para todos os tipos de telas.
— Não é a mesma relação que tínhamos com a TV há duas gerações. A tecnologia hoje é muito íntima, fazendo com que a nossa saúde e tempo sejam afetados diretamente, sobretudo nas crianças e adolescentes.
A SBP desaconselha o uso de telas por bebês: “O olhar e a presença da mãe/ pai/família é vital e instintivo como fonte natural dos estímulos e cuidados do apego e que não podem ser substituídos por telas e tecnologias”.
De acordo com a SBP, o atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem é frequente em bebês que ficam passivamente expostos às telas, por períodos prolongados e problemas de sono são cada vez mais frequentes e associados aos transtornos mentais precoces em crianças e adolescentes.
Segundo a pediatra, é mito pensar que oferecer tecnologia às crianças, inclusive bebês, vai aumentar seu QI, conhecimento sobre tecnologia ou habilidades cerebrais. “Ao contrário, o estímulo precoce cerebral não é integral.”
— Pesquisas científicas mostram que se a gente proporciona tecnologia de acordo com a idade, maturidade, de forma equilibrada e monitorada, aí sim será um uso saudável que terá repercussão cerebral, evitando riscos à saúde.
Em relação aos jogos de videogames, a SBP diz que o que era uma distração passa a ser uma solução rápida para desaparecerem sentimentos perturbadores e emoções difíceis com as quais as crianças e adolescentes ainda não aprenderam a lidar:
“A dependência dos jogos, inclusive de teor violento, mas que trazem desafios e recompensas, impede que enfrentem os problemas que contribuíram com este estresse tóxico e a liberação do cortisol, criando um ciclo vicioso de ansiedade e depressão. O tecno estresse se torna ainda mais problemático, por perda da empatia, crescente irritabilidade e agressividade, causando alterações do comportamento, do relacionamento familiar e social, de transtornos de aprendizado e escolar, além de diversas outras doenças”, destaca o documento.
Fonte: AGÊNCIA BRASIL
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