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ECONOMIA

Com juros baixos e alta nas vendas, construtoras retomam lançamentos

Um dos setores que mais sofreram durante a crise, o mercado imobiliário está voltando aos trilhos. A alta nas vendas no ano passado estimulou uma nova onda de lançamentos, e uma série de fatores indica que o movimento tem tudo para ganhar força este ano, estimam as empresas do setor.

O pano de fundo da recuperação é uma espécie de “cenário ideal”, definem executivos e especialistas: inflação baixa, queda dos juros nos financiamentos e o início de uma melhora no emprego e na confiança do consumidor.

No Brasil, o número de unidades lançadas entre janeiro e novembro de 2019 chegou a 92.558, alta de 10,7% em relação a 2018, dado mais recente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc).

No mesmo período, o total de imóveis novos vendidos somou 103.408, queda de 1,1%, refletindo mercados que ainda não voltaram ao azul. No entanto, descontados os imóveis distratados, houve alta de 9,4%.

O setor enxerga aí outra chave para a retomada: o percentual de distratos (desistências no meio do contrato de quem compra imóvel na planta) caiu de 24,6% para 16,5% em 12 meses com mudanças nas regras, o que melhorou a saúde financeira dos projetos e estimulou novos investimentos.

Outro indicador é o avanço do volume de crédito imobiliário com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) em 2019. Houve alta de 37,1% contra 2018, para R$ 78,7 bilhões, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Só em dezembro, a alta foi de 43,1% ante igual mês de 2018, o melhor resultado mensal desde maio de 2015.

— Nunca tivemos taxas de juros tão baixas. Cada 1% de redução possibilita que mais 2,8 milhões de famílias comprem um imóvel. Novas modalidades de crédito imobiliário com correção pelo IPCA, por exemplo, também ajudam — diz Luiz Antonio França, presidente da Abrainc. — Sem esquecer da demanda. O país tem déficit habitacional de 7,8 milhões de moradias e, com a formação de novas famílias, será preciso ter mais 9,9 milhões na próxima década.

Setor gera mais empregos

O setor cresce principalmente nas capitais. A locomotiva da retomada é São Paulo. De janeiro a novembro de 2019, as vendas de imóveis novos na capital paulista subiram 57,4% ante igual período de 2018.Os lançamentos subiram 78,1%, segundo o Sindicato da Habitação (Secovi-SP).

— Até novembro, São Paulo já acumulava crescimento de quase 50% em 12 meses. O país como um todo avança. O Rio está recuperando, Distrito Federal também. No Norte e no Nordeste é que o processo é mais lento — diz Celso Petrucci, vice-presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e economista-chefe do Secovi-SP. — As condições mudaram. Há um ano, todos deixavam dinheiro aplicado. Agora, volta a ser vantajoso comprar imóvel.

Em Belo Horizonte, o movimento ainda é de retração, embora já exista melhora, diz Cássia Ximenes, presidente da Câmara do Mercado Imobiliário e do Secovi-MG:

— As vendas retraíram 0,8% em 2019, mas o preço médio subiu um pouco porque o estoque caiu. O novo plano diretor da cidade foi aprovado no fim do ano, e as empresas deixaram de comprar terrenos para novos projetos. As que têm projetos aprovados vão construir. A retomada é mais concentrada no alto padrão.

A abertura do capital da construtora paulistana Mitre na Bolsa, na semana passada, é outro sinal do fortalecimento do setor. Foi a primeira oferta de ações de uma empresa de construção em uma década.

— Mostra o investidor acreditando que incorporadoras têm capacidade de subir projetos e botar o mercado para rodar — avalia Dualib, do Santander.

Fonte: O GLOBO


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