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SAÚDE

Após colapso no início da pandemia, Rio vê queda na ocupação de hospitais, mas mantém alerta

Depois de o sistema de saúde beirar o colapso, hospitais públicos e privados do Rio têm percebido, dia a dia, a queda nas internações pela Covid-19. Apesar da melhora, médicos e especialistas alertam que ainda não é hora de se descuidar.

No fim de abril e início de maio, o Rio sofreu com a falta de leitos e o aumento das filas por leitos de UTI e enfermaria para Covid-19 na rede pública. A espera por leitos chegou a ter mais de 1,1 mil pacientes nas unidades do Sistema Único de Saúde da capital (internados nas redes municipal, estadual e federal).

Na média, abril teve 297 pacientes por dia na fila de regulação, segundo a Secretaria de Estado de Saúde. Maio foi o pior mês: 343 pacientes/dia.

No auge da crise, pacientes chegaram a ser transferidos diariamente da capital para Volta Redonda, a 130 quilômetros, e muitos não resistiram à espera.

A partir de junho, com média diária abaixo de 60 pessoas à espera, a secretaria frisou em seus boletins que já havia leitos para todos os pacientes, que estariam “em processo de transferência”.

Ocupação

O ponto de lotação máxima do sistema de saúde do Rio foi em dia 25 de abril, quando 98% dos leitos de UTI estavam ocupados. No mesmo dia, foi inaugurado o primeiro hospital de campanha.

Com atraso, governo do estado e prefeituras seguiram ampliando a oferta. Com a criação de novos leitos e a queda nos índices de casos e mortes, a ocupação diminuiu em junho.

Mesmo assim, a taxa de ocupação de UTIs ainda era alta até o início desta semana: 77%. A taxa chegou a 65%, no dia 14 de julho. A alta recente, segundo a secretaria, é causada pela redução na oferta de leitos.

Os dois hospitais de campanha administrados pelo estado, o do Maracanã e o de São Gonçalo, transferiram todos os seus pacientes. Funcionários reclamam da falta de pagamentos.

Seguem com pacientes o hospital do Riocentro, gerido pela prefeitura, que também já anunciou a redução de 500 para 300 leitos, e os dois administrados pela rede privada: o da Lagoa-Barra (Leblon) e o do Parque dos Atletas (Barra).

Segundo a Rede D’Or, que integra o grupo de empresas responsável pelas duas unidades, informou que cada hospital tem 200 leitos, sendo 100 de UTI e 100 de enfermaria.

Até segunda-feira (20), a unidade Lagoa-Barra estava com 60 pacientes internados: 45 na UTI e 15 na enfermaria. No Parque dos Atletas, havia 74 pacientes, sendo 56 na UTI e 18 na enfermaria.

Em nota, a Rede D’Or informou que “vem registrando queda na ocupação de leitos dos hospitais de campanha há algumas semanas, mas reitera que está preparada para atender a demanda encaminhada pela Secretaria Estadual de Saúde”.

Recuo na quarentena no interior

Enquanto a capital dá bons sinais de melhora, algumas cidades do interior estão em aleta. Com aumento de pacientes internados, a cidade de Nova Friburgo voltou a apertar a quarentena.

Um decreto municipal estabelece que o mais elevado nível de restrições de distanciamento social seja adotado sempre que a taxa média semanal de ocupação de leitos de CTI para a Covid-19 for maior que 70%.

De acordo com a Prefeitura, a taxa apurada entre o último sábado (11) até esta sexta-feira (17) obteve como média o percentual de 75%.

Ampliação era necessária, dizem especialistas

Para o professor Edimilson Migowski, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a ampliação do número de leitos foi fundamental para evitar mais mortes – até esta segunda, foram 12,1 mil óbitos confirmados no estado.

Se não houvesse os hospitais de campanha, seria pior (…) Esses hospitais foram bem-vindos. A forma como eles vieram é que é a discussão: investir no formato ou desenho do hospital de campanha ou seria mais sensato e coerente investir em leitos em outros hospitais federais ou estaduais?”, questiona.

O infectologista Alberto Chebabo, também da UFRJ, reforça a tese de que a ampliação era necessária, mas que os hospitais de campanha poderiam ter outra função se leitos ociosos já existentes em unidades fixas fossem aproveitados.

“Os hospitais de campanha talvez fossem importantes para receber o doente menos grave ou tirar o doente do convívio com as outras pessoas da família, principalmente nas áreas onde você tem uma grande aglomeração, nas comunidades por exemplo (…) Se houvesse necessidade de uma maior complexidade, seria levado para esses leitos que estariam sendo montados nos hospitais físicos, normais”, diz Chebabo.

Margareth Portela, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz, considera que os hospitais de campanha eram uma opção, mas não a única. E levantou outra questão: se os leitos privados não poderiam ser usados para pacientes da rede pública.

“O hospital de campanha é uma alternativa. Eu diria que talvez em alguns lugares só pudesse ser realmente os leitos de campanha. Agora, o hospital de campanha ele não é única alternativa. Em um lugar como o Rio de Janeiro, eu acho que talvez existisse essa alternativa de considerar o investimento maior nos leitos públicos que estava parados. E também talvez uma coisa que ninguém quis bancar foi a questão de leitos na rede privada e ter uma fila única. Essa também era uma alternativa”, argumenta.

Hospitais particulares

A rede privada também quase lotou para pacientes de Covid e chegou a prever um colapso. Mas hoje já começa a ver as áreas exclusivas se esvaziarem.

No fim de semana, o Hospital Samaritano, em Botafogo, anunciou que, pela primeira vez desde 6 de março, não tinha mais pacientes com o novo coronavírus.

Os médicos relatam que, agora, os protocolos de tratamento estão mais bem estabelecidos do que 100 dias atrás. Mas, mesmo o hospital que hoje não tem nenhum caso, continua em alerta.

“Temos aí a expectativa muito grande que, em algum tempo, a gente encontre a vacina pra essa doença, mas até lá é um mundo com Covid. Não terminou a pandemia. Temos o dever de manter as nossas áreas estruturadas caso haja necessidade de internação de outro paciente, que isso pode acontecer”, diz Periard.

Fonte: O GLOBO


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